Quando o bebê está no útero materno, há uma proteção estéril que o deixa livre de microrganismos, mas, assim que nasce ele se torna vulnerável no mundo ao qual está chegando. Suas defesas estão em desenvolvimento, assim como todo o seu organismo. Mesmo quando devidamente alimentado pelo leite materno, está desprotegido de contaminações.
Para manter o bebê protegido e livre de doenças devastadoras como o sarampo, o Brasil tem um Plano Nacional de Vacinação. Em todas as cidades brasileiras a vacinação é obrigatória e gratuita para todos os bebês. Assim, doenças graves como a varíola e a poliomielite foram erradicadas.
A importância da vacinação
Como quase todas as descobertas, a proposta da vacina foi acionada por acaso. Durante uma epidemia de varíola no século XVIII, que exterminou adultos e crianças, a mulher de um embaixador inglês observou que pessoas saudáveis que tinham contato com o líquido dos ferimentos de quem estava com a doença não se contaminavam. Isso começou a ser disseminado como forma de prevenção.
Foi em 1796 que Edward Jenner observou que mulheres que ordenhavam vacas com varíola não se contaminavam com a doença e iniciou vários testes injetando o líquido dos ferimentos das vacas em um menino. Após um período o menino foi novamente exposto ao vírus da varíola e não se contaminou, comprovando sua teoria de imunização.
A imunização acontece quando há o contato com o vírus morto ou em micro doses, para que o sistema imunológico aprenda a reagir contra ele. Dessa forma, quando há o contato com o vírus vivo e ativo, o organismo saberá como agir e impedirá a doença de se desenvolver.
Esse processo deu origem ao nome vacina, que vem de vaca. Com seu sucesso, estimulou Napoleão a obrigar seus soldados a se vacinarem contra a varíola, antes de saírem para o combate. Com a obrigatoriedade, houve muita polêmica, mas não tão intensa quanto a Revolta da Vacina no Brasil, quando o presidente Rodrigues Alves, o prefeito do Rio de Janeiro Pereira Passos e o médico sanitarista Oswaldo Cruz impuseram a obrigatoriedade da vacinação para a população, como forma de extinguir doenças como a própria varíola e a febre amarela.
A Revolta da Vacina marcou a história pela violência da população, mas não mudou a obrigatoriedade. Como resultado, a varíola, a febre amarela e outras doenças foram extintas. O Plano Nacional de Vacinação é um dos mais importantes do mundo e serve de referência na imunização infantil. Criado em 1973, as primeiras vacinas obrigatórias eram contra febre amarela, varíola e sarampo, com excelentes resultados na diminuição da mortalidade infantil.
Em 1980, foi iniciado o Dia Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, com duas campanhas anuais para crianças de até cinco anos de idade. O sucesso foi imediato e o último caso da doença foi registrado em 1989; outras doenças também foram inseridas no cronograma.
Calendário da vacinação no primeiro ano de vida
A vacinação começa ainda na maternidade, logo após o nascimento. Tudo porque o bebê nasce com pouca imunidade e se torna suscetível a qualquer contaminação. Mesmo que seja doloroso para os pais ver seu bebê chorando com a introdução de uma agulha, é preciso lembrar que ele está sendo protegido de doenças graves e até letais.
Todo bebê precisa de uma carteira de vacinação. Nela são anotadas todas as vacinas que deverá tomar ao longo da vida e serve como documento de comprovação de sua imunização. Sem ela não é possível matriculá-lo em escolas ou fazer viagens.
Nem todas as vacinas estão disponíveis no posto de saúde ou são gratuitas. Algumas só é possível adquirir em clínicas particulares.
Conheça o calendário de vacinação obrigatória:
No primeiro mês:
- BCG: é famosa pela cicatriz que forma no braço direito. Protege contra a tuberculose. Deve ser aplicada em dose única, ainda na maternidade.
- Hepatite B: é a primeira dose para proteger contra a infecção viral.
No segundo mês:
- Hepatite B: é a segunda dose da vacina.
- DTP: a tríplice vacina protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche.
- Hib: esta vacina protege contra a meningite, pneumonia e epiglotite, doenças causadas por bactérias.
- Pólio: a vacina dada em gotas é do tipo Sabin e há ainda a injetável, chamada de Salk. Ela protege contra a poliomielite.
- Rotavírus: Protege contra a diarreia infantil.
- Pneumocócica conjugada: protege contra doenças causadas pela bactéria pneumococo como pneumonia e meningite.
No terceiro mês:
- Meningococo C conjugada: age contra a meningite provocada pela bactéria meningococo C.
- Meningococo B: também contra a meningite e outras infecções provocadas pela bactéria meningococo B.
No quarto mês:
- Pentavalente: são as vacinas DTP, hepatite B e Hib em segunda dose .
- Pólio: segunda dose.
- Rotavírus: segunda dose.
- Pneumocócica: segunda dose.
No quinto mês:
- Meningococo C: segunda dose.
- Meningococo B: segunda dose.
No sexto mês:
- Pentavalente: terceira dose.
- Pólio: terceira dose.
- Rotavírus: terceira dose.
- Gripe: introduzida recentemente no calendário, atua contra a influenza.
No sétimo mês:
- Meningococo B: terceira dose.
No nono mês:
- Febre amarela: dose única.
No primeiro ano:
- Tríplice viral: é a vacina SRC, que protege contra a rubéola, sarampo e caxumba.
- Catapora: são feitas duas doses.
- Hepatite A: dose única.
- Meningococo C: terceira dose, chamada de reforço.
- Pneumocócica: dose de reforço.
O calendário segue até a fase da adolescência, no mínimo, podendo acompanhar o indivíduo até a fase adulta.
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